Ultimamente comprei um daqueles computadores de palma da mão, que são muito úteis, como substitutos das velhas agendas de bolso.
Eu tinha um, habituei-me a ele, mas depois de duas avarias, que consegui remediar, acabou por lhe “dar o badagaio”.
Depois vi-me grego para aprender a funcionar com o novo.
No princípio “não percebia patavina”. Agora já me avenho com as principais funções. “Roma e Pavia não se fizeram num dia” – dizia o meu “avô” Jacinto, de Camarate, Em princípios do século XIII, no tempo do povoamento do território, estabeleceu-se em Portugal uma colónia de italianos, chefiada por um tal Roberto de Pavia. Como era costume na época o apelido era apenas a designação da sua cidade de origem, Pavia, na Lombardia..
E o seu nome deu origem à povoação, e depois concelho, de Pavia, que eles criaram..
A propósito de nomes, escreveu José Saramago: “Aqui viveu uma colónia de italianos de que foi chefe um tal Roberto de Pavia, que deixou em herança um nome, por sua vez tomado da terra donde viera. É assim que se faz o mundo. Uma coisa tão simples, vir um homem há setecentos anos de uma cidade italiana, chegar aqui e dizer: Chamo-me Roberto, de Pavia”. Os portugueses, vizinhos dos italianos, tinham dificuldade em compreender o que estes diziam. Era uma falar parecido com o português, mas difícil de compreender para quem não sabia a “língua patavina”, de Patavia, Padova ou Pádua, que era a língua que se falava na Lombardia.
Portanto, quando não compreendiam, respondiam “Não percebo patavina”. Assim nascem as palavras, e com elas as expressões populares, de cuja história, passados séculos, já ninguém se lembra.
EM TEMPO – Este post foi modificado por mim, graças à gentikleza do leitor S. António, que chamou a minha atenção para a confusão que estava a fazer entre Pavia e Pádua.
Dizia o meu avô Jacinto que “burro velho não aprende línguas”. Ora eu velho não me confesso… Quem quizer que tire as suas conclusões|
Prezado Inácio,
até agora eu pensava que o “cascudo” me tinha explicado e eu sabia a origem da palavra “patavina”.
http://www.memoriaviva.com.br/cascudo/blog/acjul05.htm
(entrada do 6.7.2005)
perante os meus amigos portugueses orgulhava-me, gabei-me…mas agora estou baralhado !
abraço
Konrad
Embora tivesse ficado um pouco “patovinado”, gostei da explicacao, embora nem seja coincidente com a do amigo Konrad.
O que eu nao gostei, foi de ler que o doutissimo Saramago se refere a uns italianos, quando esse facto foi originado a tanto tempo. Tanto quanto sei a Italia, so existe desde o seculo XIX, ou estarei errado?
a. cardoso,
Penso que era comum já nesse tempo, alguém chamar italiano a um transalpino. Os portugueses eram hispânicos, como mostra a alcunha do Pedro Hispano.
Na realidade, Patavium era o nome Romano para Padova (ou Pádua, em Português), não Pavia.